DIA DE SOBRECARGA DA TERRA

O termo Sobrecarga da Terra (Overshoot Day) foi criado pela ONG britânica Global Footprint Network. Calculado desde 1986, o Dia de Sobrecarga marca o dia do ano em que a demanda anual da humanidade em relação à natureza ultrapassa a capacidade de renovação dos ecossistemas terrestres naquele ano.

A ONG desenvolveu uma metodologia que calcula o número de dias do ano em que a biocapacidade da Terra é suficiente para suprir a Pegada Ecológica humana. O cálculo é feito a partir da equação abaixo:

Aonde a “Biocapacidade da Terra” é a quantidade de recursos naturais que o planeta pode gerar por ano e a “Pegada Ecológica da Humanidade” é a demanda da população mundial por aquele ano.

Usando as estatísticas da ONU, estes cálculos incorporam os dados mais recentes e a metodologia contábil mais atualizada (as Contas Nacionais de Pegada e Biocapacidade, Edição 2019, apresentam dados de 2016). Para estimar o Dia da Sobrecarga da Terra deste ano, a Pegada Ecológica e a Biocapacidade são “agora divulgadas” para o ano atual usando os dados mais recentes de fontes adicionais, como o Global Carbon Project.

Para manter a consistência com os dados e a ciência mais recentes, as métricas da Pegada Ecológica dos últimos anos desde 1961 (os dados do primeiro ano estão disponíveis) são recalculadas a cada ano, para que as métricas de cada ano compartilhem um conjunto de dados comum e o mesmo método contábil exato. As datas anuais do Dia da Sobrecarga da Terra são recalculadas de acordo.

A Figura abaixo mostra o quanto o Dia de Sobrecarga da Terra tem se antecipado desde 1971. Em média, a cada ano esse dia chega 3 dias mais cedo. Em 2019, o marco ocorreu dia 29 de julho, o que significa que a humanidade utiliza atualmente os recursos ecológicos 1,75 vez mais rápido do que a capacidade de regeneração dos ecossistemas.

De acordo com a Global Footprint Network, o custo da sobrecarga mundial está se tornando cada vez mais evidente com o desmatamento; colapso pesqueiro; escassez de água doce; poluição; erosão do solo; perda de biodiversidade e acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera.

Tudo isso leva a mudanças climáticas e secas mais severas, incêndios florestais e furacões. Essas ameaças podem gerar desespero e forçar muitas pessoas a migrarem para outras cidades ou países.

“Isto leva à mudança climática e a fenômenos climáticos extremos mais frequentes”, afirma a organização, com sede na Califórnia.

“O Dia da Sobrecarga da Terra pode não apresentar diferenças em relação a ontem — você ainda tem a mesma comida em sua geladeira. Mas, os incêndios estão ocorrendo no oeste dos Estados Unidos. Do outro lado do mundo, os moradores da Cidade do Cabo tiveram que reduzir pela metade o consumo de água desde 2015. Essas são consequências de estourar o orçamento ecológico do nosso único planeta”, comenta o CEO da Global Footprint Network, Mathis Wackernagel.

“Nossas economias estão realizando um esquema Ponzi com o planeta. Ou seja, usamos os recursos futuros da Terra para operar no presente e nos aprofundar na dívida ecológica. É hora de acabar com esse esquema e alavancar nossa criatividade para criar um futuro próspero, livre de combustíveis fósseis e sem destruição planetária”, finaliza.

E os países participam de maneira diferente nessa conta. O Catar alcançou seu Dia no 42º dia do ano, enquanto a Indonésia consumiu seus recursos apenas no 342º. Os países mais desenvolvidos são responsáveis por maior impacto ambiental.

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